TIMELINE | SERÁ QUE SABEMOS COMO “ETERNIZAR” NOSSOS HERÓIS?

Nesta Coluna, Abner Henrique lembra alguns exemplos de homenagens e deixa a reflexão sobre a falha do rodeio brasileiro na hora de eternizar os heróis que nos deixaram

A etapa da principal divisão da PBR – Professional Bull Riders que está sendo realizada este fim de semana em Saint Louis, no estado do Missouri , foi nomeada Mason Lowe Memorial, em referência ao atleta falecido recentemente. O evento já estava agendado antes da morte de Lowe e é um dos mais tradicionais do calendário da PBR, mas ganhou novo nome após o acidente que vitimou o competidor no dia 15 de janeiro em Denver, no Colorado.

E a escolha de Saint Louis para esta homenagem não foi por acaso. Além de ser o evento no fim de semana em que se completam 30 dias da morte do atleta, é realizado em seu estado natal, o Missouri, e fica cerca de quatro horas da cidade natal de Mason Lowe.

Das diversas homenagens que foram e estão sendo prestadas ao competidor, a troca do nome do evento, que geralmente leva o título de algum patrocinador, é certamente a mais simbólica e traz mais um grande exemplo dos norte-americanos, nos deixando a pergunta: será que sabemos como “eternizar” nossos heróis?

Vou citar alguns poucos exemplos para ajudar a todos refletirem que no Brasil há comoção e homenagens quando ocorre uma grande perda nas arenas, – o que é totalmente válido, mas nada é feito para “eternizar” nossas lendas, mesmo que seja simbolicamente. Assim, por pouco tempo após uma perda, dezenas de homenagens são feitas, são muito lembrados, mas com o passar do tempo, elas vão diminuindo e o risco do esquecimento é maior.

Sem homenagens simbólicas, como é o caso de nomear algo que permanecerá em evidencia por muito tempo, as chances de fazer essas pessoas serem conhecidas pelas gerações futuras também são menores. E é ai que o rodeio brasileiro deixa a desejar. Se você não gosta das comparações entre Brasil e Estados Unidos, nem continua a leitura, pois este texto foi feito exatamente para isto.

Nos Estados Unidos há o George Paul Memorial, evento idealizado pela família do campeão mundial George Paul, morto em 1970 e que se tornou o primeiro evento profissional somente com a realização de montaria em touros. É o mais famoso e tradicional evento em homenagem a um competidor, mas há diversos outros, inclusive em modalidades como laço e três tambores.

Outra forma de homenagem por lá são os troféus ou prêmios, que carregam simbolicamente o nome de figuras importantes para o rodeio como Guy Weadick concedido pelo Calgary Stampede e o Linderman Award, prêmio dado pela PRCA – Professional Rodeo Cowboys Association.

A própria PBR tem diversos exemplos. O melhor canadense de cada temporada do campeonato mundial recebe o prêmio Glen Keeley Award, nome do competidor morto em 1999 após um acidente em uma etapa da primeira divisão. O competidor que obter a maior nota da PBR World Finals a cada ano também recebe a fivela do Frost / Thurman Award, homenagem a lenda Lane Frost e a Brent Thurman, um dos fundadores da PBR e que faleceu em 1994 no primeiro ano da realização do campeonato.

Após a criação do evento Heroes & Legend, realizado anualmente juntamente com a Final Mundial em Las Vegas, a PBR criou prêmios para homens e mulheres que prestam serviços relevantes a história do rodeio, nomeando de Jim Shoulders Award e Sharon Shoulders Award. No ano passado, foi lançado mais um com uma categoria parecida, homenageando ainda em vida o lendário Ty Murray, com a criação do Ty Murray Award.

No Brasil, tantos esportes seguem este padrão, criando troféus referentes a uma determinada fase de um campeonato, um evento ou até mesmo o troféu dado aos campeões, homenageando alguma figura relevante a tal esporte.

Mas no rodeio não há qualquer registro de algo semelhante ainda. Infelizmente nomes relevantes não faltam, já nos despedimos de grandes lendas e que poderiam nomear simbolicamente títulos em eventos e campeonatos. Como exemplo: não seria uma honra para o atleta revelação da PBR Brazil ao invés de ganhar a fivela de “Novato do Ano”, ser condecorado com o “Prêmio Giliard Antônio”? Há tantos outros. Fica a reflexão!

 


ABNER HENRIQUE é publicitário, produtor de eventos e fanático pelo rodeio há mais de 20 anos. É proprietário da Agência PrimeComm, agência que presta serviço de comunicação e marketing para eventos, campeonatos, empresas e profissionais do rodeio e provas equestres, além de fundador da PrimeComm Sports, atualmente a única agência de representação de atletas atuante no rodeio brasileiro

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