A pergunta do título deste post foi observada por diversas pessoas que acompanharam os rodeios brasileiros nas últimas semanas e a explicação para ela é complexa, difícil de colocar em poucos parágrafos, mas expõe de forma clara o AMADORISMO DA PUBLICIDADE que ainda impera dentro da indústria do rodeio no Brasil.
Os atletas que estão competindo nos Estados Unidos, já há muito tempo tem essa liberdade de montar com a camisa de seus patrocinadores por aqui, independente de qual campeonato ou rodeio estejam, enquanto os competidores que só atuam no Brasil, mesmo tendo patrocinadores, precisam usar a camisa oficial do evento.
Isto não tem a ver com o fato deles terem uma carreira internacional e sim com o fato de que ao chegar nos Estados Unidos, o atleta é “exposto” ao PROFISSIONALISMO NA PUBLICIDADE e passa a fazer parte dele através de um agente e uma agência de gerenciamento de imagens e carreiras e consequentemente um contrato de patrocínio. E obviamente que os diretores de campeonatos e rodeios no Brasil sabem disso, por isso autorizam que os “internacionais” usem seus próprios uniformes.
A uniformização por aqui já é tradicional, usada desde o início da década de 90 por grandes rodeios e virou padrão na última década com o boom de marcas ligadas ao rodeio, em especial as de vestuário. Eu sou favorável a uniformização como acontece por aqui, apesar de acreditar que em termos esportivos não é o modelo ideal. Porém, no atual cenário da publicidade no rodeio brasileiro é a forma necessária.
Com a popularização do “patrocínio de competidores”, sem um planejamento de publicidade por parte das marcas, sem gerenciamento, sem agentes ou agências para cuidar disso, como existe nos Estados Unidos e até mesmo a possibilidade de um competidor comprar uma camisa em qualquer loja e se dizer “patrocinado”, o modelo adotado atualmente é o único que protege os interesses dos patrocinadores dos campeonatos e eventos, enquanto os patrocinadores dos competidores ainda não sabem onde querem chegar.
Como um sonhador cheio de esperanças de ver a publicidade tratada de forma profissional no rodeio brasileiro um dia, eu acredito no modelo usado pelos norte-americanos, onde os campeonatos e eventos criam regras de publicidades a serem seguidas (que discutiremos em outra ocasião) e os competidores seguindo algumas normas, podem usar seus próprios patrocinadores, mesmo que sejam concorrentes dos demais.
Isto acontece porque através destas regras, os campeonatos e eventos sabem que determinadas marcas, mesmo sendo concorrentes de seus patrocinadores estão realizando um trabalho de publicidade profissional, beneficiando os competidores e em consequência também o esporte em geral.
Quando iniciei o projeto da PrimeComm Sports, com o objetivo de ter diversos competidores de montaria em touros fazendo parte dela, uma das metas era justamente lutar para que estes competidores tivessem os mesmos direitos dos “internacionais”, de usarem seus próprios patrocínios nos eventos. Mas infelizmente a dificuldade dos patrocinadores, empresários bem sucedidos, entenderem a importância do trabalho de uma agência e os benefícios que isso traria aos competidores e as suas marcas, não deixaram que isso acontecesse.
Se hoje um diretor de campeonato ou rodeio me perguntasse qual forma eu recomendaria que ele seguisse, eu certamente diria para continuar optando pela uniformização, justamente pela impossibilidade de saber quais competidores são de fato patrocinados por certas marcas.
Talvez em um futuro, com a ajuda dessas marcas, possamos ter por aqui o modelo dos Estados Unidos e que já é realidade em tantos outros esportes. E é claro, quando isso acontecer, os patrocinadores dos campeonatos e eventos terão espaço em outras propriedades em substituição as camisas uniformizadas. Enquanto isso…
Foto: Divulgação PBR Brazil | Alberto Gonzaga
ABNER HENRIQUE é publicitário, produtor de eventos e fanático pelo rodeio há mais de 20 anos. É proprietário da Agência PrimeComm, agência que presta serviço de comunicação e marketing para eventos, campeonatos, empresas e profissionais do rodeio e provas equestres, além de fundador da PrimeComm Sports, atualmente a única agência de representação de atletas atuante no rodeio brasileiro