O tema “valorização dos peões de rodeio no Brasil” é recorrente e atual, nunca sai de pauta. Mas ele não está apenas ligado a premiação, que de fato, há de ser melhorada em muitos casos. Devemos considerar também falta de valorização dos nossos competidores, a ausência do “trabalho na sua imagem”, que deveria ser feito pelas marcas que os apoiam.
A Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos abrigou stands de diversas marcas ligadas ao segmento, boa parte delas, patrocinadoras de competidores. Somente na montaria em touros o evento recebeu mais de 100 peões nas três principais competições. E eu não vi uma ação sequer dessas marcas com alguns desses competidores.
Trabalhar a imagem desses competidores devia ser uma obrigação desses patrocinadores, afinal, a luta para colocar adesivo em um competidor de destaque e fazê-lo usar seus produtos é uma das guerras mais vorazes dos bastidores do nosso rodeio.
Será que colocar três ou quatro competidores em um stand durante uma hora e promover alguma ação para atrair os olhares para eles é algo tão impossível para marcas que conseguem pagar o metro quadrado mais caro do rodeio nacional?
Analisando os 10 finalistas do rodeio internacional na montaria em touros e os 10 finalistas da montaria em cutiano, identifiquei pelo menos cinco marcas representadas por eles e que estavam presentes com stands no Parque do Peão. Pesquisei mal ou ficou muito em off, pois não encontrei nenhuma ação relacionada a esses competidores. Vale lembrar que não estive em Barretos, mas não encontrei nada nas redes sociais e não encontrei nenhuma pessoa que tenha presenciado algo do tipo.
Fica claro que se as marcas deixam passar uma oportunidade gigantesca como no Rodeio de Barretos, pode ter a certeza que elas não tem nenhum compromisso e intenção de trabalhar a imagem dos competidores. E transformar nossos competidores em ídolos antes de saírem do Brasil, se torna cada vez mais difícil se ignorarmos este tipo de oportunidade.
Nos Estados Unidos, ao assinar um contrato de patrocínio o competidor sabe que terá que ter a disponibilidade de marcar presença em ações deste tipo e lá todas as ações são ligadas a alguma marca, seja por iniciativa própria, em parceria com campeonato e eventos, em parceria com revendedores locais, mas as marcas tem este compromisso: “trabalhar a imagem do competidor perante o público”. E estas ações são somente uma das formas usadas.
Já foram feitas ações desse tipo no Brasil, poucas é claro e o público, que não está acostumado com isso, acaba não comparecendo como deveria. Mas e se em metade dos rodeios onde as marcas compram stands fosse feita alguma ação com peões, em quanto tempo “criaríamos essa cultura” e veríamos filas para tirar foto com nossos campeões? Essa é uma resposta que só há um jeito de ser respondida.
É hora das marcas entenderem que patrocínio de atleta envolve muito mais que valores ou produtos. Em um esporte carente de mídia como é o rodeio no Brasil, as marcas tem nas mãos uma ferramenta muito importante para colocar nossos competidores no mesmo destaque de outros esportes, basta entenderem que patrocínio vai muito além de colar um adesivo.
ABNER HENRIQUE é publicitário, produtor de eventos e fanático pelo rodeio há mais de 20 anos. É proprietário da Agência PrimeComm, agência que presta serviço de comunicação e marketing para eventos, campeonatos, empresas e profissionais do rodeio e provas equestres, além de fundador da PrimeComm Sports, atualmente a única agência de representação de atletas atuante no rodeio brasileiro
