TIMELINE: AS LIVES DE RODEIO PRECISAM LEMBRAR DO PÚBLICO

Na era das "Lives de Rodeio", Abner Henrique lembra que quem deseja realizar uma não pode esquecer do personagem principal: o público que está em casa

Mais de 70 dias após a paralisação dos eventos no Brasil devido a pandemia do Covid-19, as “Lives de Rodeio” estão chegando ao seu auge, movimentando as competições no país e até fazendo alguns acreditarem – erroneamente – que este formato será a salvação do rodeio nacional.

Realizar uma dessas Lives com competição de rodeio não é algo tão difícil, porém, com a popularização do formato e a ânsia de “ter que fazer”, muitos acabam esquecendo o personagem principal destas transmissões: o público.

Assim como era quando os eventos aconteciam normalmente, o rodeio simplesmente ignora que a competição é um produto que deve ser oferecido ao público e que este, agora estando em casa, conectado a internet, tem milhões de opções de entretenimento em um clique, caso a transmissão do rodeio não lhe agrade.

De fato, estes erros já eram cometidos antes da era das “Lives da pandemia”, quando a maioria dos organizadores não haviam entendido ainda o conceito de transmissão para o público de casa – muito diferente do público da arquibancada. Para eles, bastava conectar a internet a imagem do telão e levar ao ar tudo que acontece no evento, inclusive o que jamais deveria estar em uma transmissão.

Seja regional ou de nível nacional, o organizador de rodeio – e agora das Lives – tem obrigação de conhecer o máximo possível de seu público, seja ele o da arquibancada ou o que está em casa.

Esta vontade de seguir a tendência, mais uma vez fez o pessoal do rodeio ignorar que era preciso planejar a entrega de um bom produto para atrair e prender o público. Sem este item essencial, não há sentido nenhum em realizar uma Live.

Algumas métricas de audiência usadas no YouTube comprovam que certas Lives de rodeio tiveram um alto índice de visualizações totais devido ao público entrar em sair diversas vezes durante a transmissão. O que significa claramente que o conteúdo não estava agradando totalmente quem assistia.

Organizadores de Lives talvez ignorem informações de audiência de transmissão de rodeio na internet que mostram que mais de 80% do público assiste através de um aparelho de celular. Isso significa que excluindo aqueles poucos que conectam o celular a uma TV, a grande maioria do público está assistindo a transmissão com o aparelho na mão e ele só vai ficar duas horas ali vendo a mesma coisa se o conteúdo for de fato interessante a ele.

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A comunicação também é outro fator importante neste momento. Em eventos normais, ainda há muitos erros na comunicação, que não deixam o público entender a competição. Mas ele está ali na arquibancada, não tem opções de onde ir a não ser assistir. Já nas transmissões pela internet, se quem está em casa não está entendendo o que está acontecendo toda vez que abre a porteira, dificilmente ele vai permanecer ali.

Para exemplificar melhor, cito duas transmissões que realmente entenderam a importância de entregar um produto a quem estava em casa, de forma dinâmica, rápida e não enjoativa.

No final de abril, a Ekip Rozeta foi a primeira das grandes marcas do rodeio nacional a realizar uma competição exclusiva para a internet e entendendo o que precisava entregar ao público inovou, com uma transmissão enxuta e a execução de um cronograma definido previamente.

Uma das principais inovações certamente foi a apresentação feita por Enrique Moraes e Almir Cambra, de uma forma totalmente diferente do que habitualmente acontece na arena. Assim, mesmo realizando apenas 15 montarias na noite, os dois conseguiram prender o público mesmo nos intervalos onde falavam por vários minutos das doações e a transmissão estabeleceu números gigantes na audiência.

Outro grande exemplo foi a primeira transmissão do Circuito Rancho Primavera, que também inovou no formato entregue ao público que estava em casa, com locução e apresentação mais moderada e uma competição rápida e enxuta durante três noites. O mercado está aberto e esperamos que outros bons exemplos apareçam.

Ao entender o conceito de uma transmissão exclusiva para o público que está em casa é preciso definir seu planejamento, o que pode dar certo e o que pode não agradar a audiência. Sem pensar no público, no que ele quer ver e no que você pode apresentar a ele, a tal da Live é apenas um “fazer por fazer” para seguir a tendência. E isso, não agrega em nada ao rodeio, muito menos a sua marca.

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ABNER HENRIQUE THERÉZIO é publicitário, produtor de eventos e fanático pelo rodeio há mais de 20 anos. É proprietário da Agência PrimeComm, empresa que presta serviço de comunicação e marketing para eventos, campeonatos, empresas e profissionais do rodeio e provas equestres, além de fundador da PrimeComm Sports, única agência de representação de atletas que atuou no rodeio brasileiro nos últimos anos

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