A temporada 2019 do rodeio mundial teve inicio com a ausência do CBR – Championship Bull Riding, a segunda principal liga de montaria em touros dos Estados Unidos. Apesar de não haver confirmação oficial, tudo indica que o campeonato encerrou suas atividades como competição de montaria em touros, ao menos por enquanto.
O ano de 2018 já havia sido bem atípico para o campeonato, que teve um calendário bem mais modesto em relação aos anos anteriores e contou com a saída do tetracampeão mundial Tuff Hedeman, que foi o grande comandante do CBR por 14 anos. Em junho foi anunciada uma parceria com a PBR – Professional Bull Riders, liga que era sua principal concorrente. (Leia a matéria).
Desde a Final da Temporada 2018, que ocorreu no mês de julho no Cheyenne Frontier Days, o CBR não realizou mais nenhuma etapa. Na internet, tanto o site como as páginas das redes sociais do CBR, deram lugar ao conteúdo do Million Dolar Bull Team Challenge, uma competição entre os touros que já era realizada durante as etapas e que premia com cerca de 1 milhão de dólares por ano seus melhores animais.
Como parte do acordo firmado com a PBR, o Million Dolar Bull Team Challenge será realizado este ano durante algumas etapas do Real Time Pain Relief Velocity Tour, principal campeonato da divisão de acesso, sem nenhuma referência ao CBR. Também não há informações oficiais se a PBR adquiriu o CBR, ou se trata de um contrato de parceria entre as duas siglas.
Assim o CBR se despediu do mercado de montaria em touros sem fazer muito alarde ou publicar uma explicação oficial.
UMA HISTÓRIA DE SUCESSO NO MERCADO DOMINADO PELA PBR
Lançado oficialmente em 2002, época em que a PBR já estava consolidada, o CBR cumpriu o papel de se tornar o segundo maior campeonato de montaria em touros dos Estados Unidos e única independente além da PBR a ganhar reconhecimento nacional e internacional, apesar de nunca de fato ter sido uma ameaça ao domínio da rival.
Seguindo um modelo de negócio que havia sido muito bem sucedido pela concorrente, o CBR foi criado por Terry Wiiliams, eleito cinco vezes o melhor tropeiro da PBR na década de 90 e o empresário Joel Logan. Realizando os próprios eventos em mercados onde a PBR não estava presente e também sancionando outras etapas realizadas por parceiros, o projeto logo teve sucesso e começou a ganhar destaque.
Em 2005, após se desligar totalmente da PBR, onde havia sido um dos principais fundadores e primeiro presidente, Tuff Hedeman aceitou o convite para comandar o CBR, onde através de sua experiência na produção de eventos e também por ser um dos nomes mais conhecidos das arenas mundiais, ajudou a consagrar o campeonato.
Hedeman se desligou do CBR no início do ano passado. Durante 14 temporadas ele foi nome forte do campeonato, tendo sido presidente até 2011 e posteriormente, com a mudança no modelo de gestão, deixou o cargo, mas continuou como “a cara do CBR”, exercendo as funções de diretor geral das etapas e embaixador da marca. Com a saída dele, o CBR perdeu diretamente quatro de seus principais eventos, que eram produções particulares do tetracampeão mundial.
A eventual “crise” do CBR em 2018, não foi apenas em decorrência da saída de Hedeman, mas o fato é que sem sua influência perante o público, patrocinadores e competidores, tudo se tornou mais difícil. Uma das grandes dúvidas na verdade é se a saída do dirigente tem a ver com a aproximação do CBR com a PBR ou se essa aproximação só ocorreu posteriormente.
Desde a sua criação, o CBR sempre contou com a presença de grandes nomes da montaria em touros e também se tornou um importante mecanismo de revelar animais para o mercado de pulos norte-americano. O Million Dolar Bull Team Challenge, criado em 2014 e agora incorporado pela PBR é uma prova disso.
A competição consiste em uma disputa de boiadas, onde cada tropeiro inscreve três touros para se apresentar nos eventos e a equipe vencedora é a que obtiver a maior somatória de notas individuais dos touros. O conceito foi inovador, já que nos Estados Unidos não há a disputa do título de melhor boiada dos eventos, considerando a nota dos touros, como acontece no Brasil.
Realizando suas etapas principalmente na região sul e oeste do país, o CBR organizava alguns de seus próprios eventos e sancionava os demais, sempre mantendo um padrão desde as estruturas até o formato de competição. Em 2010 foi criada a divisão de acesso, que classificava os competidores para a divisão principal, onde as premiações eram maiores.
Todas as suas temporadas foram televisionadas, tendo cobertura de canais especializados Outdoor Channel, RFD-TV e Great American Country nos primeiros dez anos e a partir de 2012 no Fox Sports Network, um dos principais canais esportivos da TV a Cabo norte-americana, o que comprovava o sucesso do CBR, que também tinha a presença de grandes marcas como patrocinadoras.
O CBR designava o vencedor de cada temporada como Campeão Mundial e de fato era a liga com a maior diversidade de países, tendo diversas etapas com a participação de competidores dos Estados Unidos, Brasil, Canadá, Austrália, México e até de outros países da América Central.
Nas últimas nove temporadas, o grande campeão recebeu o prêmio de US$ 100 mil e de 2013 até o ano passado, o campeão da etapa final também foi premiado com o valor de US$ 50 mil. A premiação total das etapas da primeira divisão era de cerca de US$ 30 mil nos últimos anos, porém geralmente eram etapas de apenas um dia.