A Wrangler National Finals Rodeo, que acontece anualmente em Las Vegas nos Estados Unidos no mês de dezembro tem diversos símbolos históricos, mas certamente um dos mais reconhecidos e que mexe com a emoção tanto dos competidores como dos fãs de rodeio são os históricos back numbers.
Essas plaquinhas de identificação que os competidores usam durante o evento se tornou tradição e também um importante troféu, que simboliza a participação dos atletas no principal rodeio do ano, onde competem somente os 15 melhores da temporada em cada modalidade.
O simbolismo em torno dos back numbers é tanto, que atualmente a PRCA – Professional Rodeo Cowboys Association organiza um evento especifico em Las Vegas antes do inicio da WNFR somente para entregar as plaquinhas aos finalistas de cada ano, diferente do que acontece em outros eventos quando geralmente a entrega é feita em um escritório no momento do credenciamento.
Durante a “Back Number Ceremony”, uma espécie de lançamento e pontapé inicial da competição, centenas de fãs acompanham a entrega que é feita individualmente para cada atleta no palco, com as mais diversas reações quando cada nome é anunciado.

Após 10 dias de competição, onde todos os competidores são obrigados a usar a identificação nas costas, eles guardam a plaquinha como uma relíquia, que serve de recordação seja para quem competiu apenas uma vez no evento ou para aqueles que se classificaram para diversas edições, ostentando verdadeiras galerias de back numbers em suas salas de troféus.

A tradição das plaquinhas se confunde com a própria história da WNFR e elas já estavam presentes desde a primeira vez que o evento foi realizado, em 1959. Pouco se sabe sobre a origem deste recurso usado para facilitar a identificação dos competidores por parte de juízes e locutores, mas certamente já era usado em outros eventos ainda na década de 50.
Assim como a WNFR, este ano os back numbers completam 60 anos de história. Apesar da grande evolução ao longo de seis décadas, as plaquinhas pouco mudaram e ainda mantém o conceito original, com a base na cor vermelha, letras em branco e os números em azul. O formato de escudo, que também se tornou uma marca registrada, agora faz parte do novo logotipo da PRCA, apresentado na semana passada.
Ao longo das décadas, as únicas mudanças nos back numbers foi a inclusão do sobrenome do competidor e do logotipo da Wrangler, acrescentado para marcar o nome oficial do evento atualmente (WNFR), sem precisar alterar as tradicionais “NFR”.
Para se definir qual número cada competidor irá usar, considera-se o dinheiro ganho durante o ano, entre todos os classificados para o evento. Assim, o competidor que mais ganhou premiação ao longo da temporada entre todos os 120 atletas que irão competir na WNFR (15 em cada uma das oito modalidades), recebe o número 1 e assim sucessivamente.
O número 1, claro, também traz uma simbologia a parte e desperta o interesse entre todos os competidores em busca de usá-lo. A PRCA não mantém registros referentes ao número 1, mas Trevor Brazile certamente é o competidor que mais usou o back number mais desejado, tendo chegado a Las Vegas com recorde de ganhos em pelo menos 12 anos seguidos.

Antes da era “Brazile”, o back number 1 sempre se alternava entre as modalidades, mas apenas três vezes foi usado por uma competidora dos Três Tambores. Em 1987, Charmayne James, com apenas 17 anos de idade entrou para a história ao chegar a NFR com o maior acumulo de dinheiro e se tornou a primeira mulher a receber o número 1. O feito se repetiu em 1995 com Sherry Cervi e mais recentemente com Mary Burger em 2016, que também estabeleceu o recorde de competir na WNFR aos 68 anos de idade.
No ano passado, os back numbers fizeram parte de uma série de homenagens que a WNFR prestou as 58 vitimas de um atentado que havia ocorrido em Las Vegas cerca de dois meses antes do evento. Com isto, o #58 não foi usado na competição. O competidor que teria direito a usá-lo recebeu o #59 e os demais sucessivamente. O back number 58 foi impresso somente para as homenagens.
Entre os brasileiros que já competiram na WNFR, Adriano Moraes usou o #57 em 1994 e o #71 em 1996, enquanto Paulo Crimber que também competiu na montaria em touros em 2004 usou o #49. O campeão mundial no Laço do Bezerro, Marcos Costa usou o #48 em 2015, #8 em 2016 (melhor entre os brasileiros) e #24 no ano passado quando conquistou sua fivela de ouro. Já o também campeão mundial Junior Nogueira usou o #101 em sua estreia em 2014, #94 em 2015, #10 em 2016, #12 em 2017 e este ano está usando o #16 nas competições do Laço em Dupla.