ENTREVISTA: RODEIO EM PAY-PER-VIEW COM NEY MACEDO

Em entrevista, o idealizador do Brasil Rural TV, Ney Macedo fala sobre a primeira transmissão de rodeio em pay-per-view na internet no país e os próximos projetos do canal

No último fim de semana o Brasil Rural TV, principal plataforma de transmissão de rodeios via internet do Brasil, lançou seu primeiro pay-per-view (pagar para ver), ou seja, transmissão através de assinatura onde você escolhe o que deseja assistir. A novidade foi lançada durante o Rodeio de Rio Verde, consagrado como o melhor rodeio em touros do Brasil e tradicionalmente um dos três eventos de maior audiência do canal durante o ano.

Apesar do valor quase simbólico, quando comparado aos principais eventos de outros esportes, a cobrança de assinatura gerou polêmica e reclamações de internautas que até então tinham a comodidade das transmissões gratuitas. Por outro lado, há os que defendam a cobrança, acreditando que isto faz parte da evolução do esporte.

Para saber mais sobre este novo modelo de transmissão, entrevistamos Ney Macedo, fundador da TV Rodeio, a mais antiga produtora de conteúdo do rodeio nacional e idealizador do Brasil Rural TV. Ele fala sobre como foi esta primeira transmissão online em pay-per-view e os próximos projetos do canal.

Rodeio S.A. – Como você avalia o mercado atual de transmissão de rodeio pela internet no Brasil e quais os diferenciais que o público que assina o pay-per-view terá em relação as demais transmissões?

Ney Macedo – A transmissão via internet é antiga, teve início já há muitos anos, mas é claro se popularizou e se propagou recentemente com as facilidades das redes sociais. De forma geral, as transmissões são feitas na integra do evento, com o som ambiente, mostrando tudo o que está acontecendo durante o evento e eu acredito que quem está na arena, faz a comunicação para quem está ali ao vivo no evento e a comunicação para o público de casa deve ser diferente, pois são ambientes diferentes. Por isso, mesmo nas transmissões gratuitas sempre procuramos colocar a figura de um apresentador, que entra nos intervalos ou até mesmo durante as montarias, mostrando detalhes e fazendo uma comunicação mais direta com o público de casa. No pay-per-view, estamos oferecendo uma opção maior de imagens, com mais câmeras e muito mais qualidade. O público irá receber muito mais conteúdo, as melhores montarias podem ser reprisadas mais vezes, por exemplo, então são diversos recursos disponíveis.

Rodeio S.A. – Já foi anunciado que o Rodeio de Barretos também será em pay-per-view. Existem outros eventos com esta possibilidade ainda este ano? E quais os projetos futuros do Brasil Rural TV em relação a transmissões e vídeos em demanda na internet?

Ney Macedo – O Rodeio de Barretos será o nosso próximo pay-per-view e teremos três pacotes de assinatura, com valores diferentes, que serão anunciados em breve. Para este ano, nossos planos é transmitir em pay-per-view mais o Rodeio de Barretos mesmo, e outros eventos continuam de forma gratuita, como neste fim de semana, onde há três rodeios ao vivo disponíveis no canal. Entre os projetos futuros, está o lançamento de uma nova plataforma, onde os assinantes terão acesso exclusivo aos arquivos de mais de 30 anos da TV Rodeio, um canal 24 horas com diversos programas e a partir do próximo ano poderão assistir ao vivo mais de 40 rodeios na temporada, pagando uma assinatura mensal ou anual.

Rodeio S.A. – Como foi a adesão do público ao pay-per-view em Rio Verde, correspondeu as expectativas?

Ney Macedo – A adesão nos surpreendeu. Apesar de todos os problemas técnicos que tivemos, houve praticamente o dobro do número de assinantes que estimávamos. Nossa estimativa era de certa forma “pessimista”, pois estava mudando de uma transmissão totalmente gratuita para uma paga, então sabíamos que os números seriam bem abaixo do ano anterior, mas fomos surpreendidos e a adesão de assinantes foi cerca de duas vezes maior do que a gente esperava. Acredito que se não tivesse ocorrido os problemas técnicos nos primeiros dias, além de outros fatores, como não ter a opção de pagar a assinatura pelo boleto, este número seria ainda muito maior.

Rodeio S.A. – Houve uma parcela do público da internet que deu feedback negativo em relação a transmissão passar a ser cobrada. Você acredita que isto possa influenciar negativamente os organizadores de outros eventos em relação ao pay-per-view?

Ney Macedo – Não acredito que possa ser negativo. Os organizadores, mais do que ninguém, sabem que mesmo as transmissões gratuitas para o público, há um custo, ou como se diz “não existe almoço grátis”, tudo o que parece grátis, alguém está pagando. O pay-per-view trouxe reclamações, mas isso é natural. Em qualquer outro esporte você precisa pagar de alguma forma para assistir os principais eventos, os maiores jogos e isto ajuda a desenvolver o esporte. A cobrança traz muito mais responsabilidade para quem organiza, exige mais qualidade, mais profissionalismo de todos os envolvidos com o rodeio, o que é algo positivo. É importante lembrar também que o valor cobrado não é apenas do Brasil Rural TV, é uma parceria que gera receita ao evento. Estamos vivendo uma realidade em que muitos organizadores já perceberam que as transmissões de certa forma estão tirando receitas do evento, pois o público consumidor do rodeio está ficando em casa. O pay-per-view vai acrescentar um pouco de receita ao caixa dos eventos e a tendência é a melhoria do esporte como um todo. O verdadeiro fã de rodeio, entende isso.

Rodeio S.A. – O pay-per-view do Rodeio de Rio Verde serviu como um laboratório para este novo projeto. Quais melhorias o público assinante pode esperar para a transmissão do Rodeio de Barretos?

Ney Macedo – Nas questões técnicas, tivemos alguns problemas, especialmente porque dependemos de terceiros. Tivemos problemas com o site, que não estava gerando a confirmação de assinatura, e fez com que as pessoas repetissem a operação várias vezes, achando que ainda não haviam assinado. Isto fez com que a operadora do cartão que recebia os pagamentos bloqueasse nosso sistema, acreditando poder ser uma fraude. Por isso na primeira noite, liberamos a transmissão, já que algumas pessoas haviam pago e outras não estavam conseguindo pagar. Na parte da transmissão em si, já durante o Rodeio de Rio Verde fizemos melhorias, ouvindo o feedback do público que estava assistindo e pra Barretos vai melhorar ainda mais. Em Barretos vamos ter pelo menos três vezes mais câmeras que em Rio Verde, devido as dimensões da arena e variedades de modalidades. Também iremos trabalhar com dois apresentadores e três repórteres na arena.

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