Os juízes que atuaram na Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos deste ano utilizaram pela primeira vez na arena do rodeio mais famoso do Brasil a “bandeira amarela” para sinalização. A bandeira é utilizada para sinalizar quando um competidor tem direito a montar em outro touro, o conhecido re-ride e foi implementada para que houvesse a diferenciação da bandeira vermelha, que sinaliza penalidade.
Esta novidade já vinha sendo utilizada por alguns juízes em campeonatos e rodeios abertos em todo o Brasil, mas a implantação na arena de Barretos, o principal rodeio do país, indica que deve se tornar uma realidade entre os profissionais do julgamento.
A idéia foi utilizada pela primeira vez no rodeio brasileiro em 2017, no campeonato da Liga João Palestino, realizada em Goiás. O comentarista e diretor de rodeio, Paulo César Barbosa foi responsável pela implantação da ação na prática e explica que ela surgiu da dificuldade de comunicação entre os juízes e os locutores da arena.
“Quando o juiz de brete ou arena jogava a bandeira vermelha, geralmente os locutores entendiam que havia tido uma irregularidade do competidor e ficava confusa a comunicação até ser passado ao locutor qual de fato era o motivo de ter sido jogado a bandeira,” disse ele.
Até então, a bandeira vermelha era utilizada tanto para sinalizar uma infração do competidor nos bretes ou na arena, quanto para sinalizar uma penalidade ao touro, que favorecia o competidor, lhe dando direito a montar em outro animal. Com isto, gerava uma confusão no público que assistia, não entendendo ao certo se o competidor havia cometido uma infração ou se o juiz havia sinalizado uma irregularidade no touro e a bandeira amarela facilitou esta comunicação.
“Desde o início da utilização da bandeira vermelha, eu defendia que deveria ser criada uma bandeira de outra cor, para diferenciar as diversas sinalizações dos juízes,” declarou o comentarista Thiago Arantes, que foi um dos primeiros a sugerir este sistema em conversas informais.
De acordo com Arantes, este sistema é extremamente positivo para o rodeio de forma geral. “Este ano o Rodeio de Rio Verde também implantou esse sistema e de fato facilita muito para nós que estamos trabalhando na comunicação. Quando há uma irregularidade, conseguimos entender qual foi e transmitir ao público sem ter que esperar o juiz explicar verbalmente,” acrescentou.
Além do Rodeio de Rio Verde, este ano a Festa do Peão de Boiadeiro de Colorado, outro dos maiores eventos do país também já havia utilizado o sistema. Nos últimos anos diversos juízes e diretores de rodeio de todo o Brasil aderiram a ideia de duas bandeiras nas competições, tornando o sistema cada vez mais comum.
“Quando tive a ideia de implantar no campeonato, ainda em 2016, teve um pouco de rejeição,” comentou Paulo César. “Mas acreditei na inovação e como diretor do campeonato implantei esta ação ao regulamento já no inicio da temporada de 2017. Então quando ela foi colocada em prática, todos entenderam os benefícios que ela trazia.”
Em Barretos, nas diversas vezes em que foi usada durante os 11 dias de competição, a bandeira amarela parece ter cumprido seu papel. Locutores e comentaristas, que geralmente tem dificuldade em interpretar a sinalização dos juízes quando é utilizada apenas a bandeira vermelha, se saíram bem e conseguiram comunicar o público de cada sinalização com mais eficiência.
“Acredito que tudo que venha para facilitar o entendimento do público sobre o que está acontecendo na arena, é positivo para o esporte. Usamos a comunicação de forma eficiente na Liga João Palestino para familiarizar o público dos eventos com estas sinalizações dos juízes e hoje o nosso público já identifica as diferentes sinalizações, como acontece em outros esportes,” finaliza Barbosa.
Como toda novidade no rodeio brasileiro, a iniciativa da bandeira amarela ainda é vista como “bobagem” por alguns, mas de fato, todos os principais juízes da atualidade já estão utilizando e a tendência é que ela se torne parte das regras em todos os campeonatos e eventos em pouco tempo.
Foto: Érico Andrade